segunda-feira, junho 29, 2009

Meu pai, um exemplo de vida

Eu poderia escrever um livro do que eu já aprendi numa vivência de 17 anos ao lado do meu pai.
Reginaldo, ou "Régi" para os mais íntimos, nasceu na pequena cidade de São Bento do Una, hoje uma das metrópoles mais importantes do estado de Pernambuco, que engloba os municípios de Garanhuns, Belo Jardim, Toritama e Trucunhaém da Mata Norte Indígena (nem me perguntem o porquê deste nome). Com apenas 12 habitantes, incluindo as moscas do único bar e da padaria de São Bento do Una, a população é a mais estável e a mais crescente do Nordeste, o que faz meu pai ter um orgulho "danado" da cidadezinha, que é o xodó dos são-bentenses.
Eu ainda acho que eles não têm mais o que fazer da vida, e por isso procuram algo para amar eternamente, e a cidade termina sendo idolatrada fanaticamente.

Sabe, depois de dar duro durante anos trabalhando em São Paulo e depois em Recife, depois de vários restaurantes abertos e fechados, meu pai finalmente tem o que queria: um lugar onde ele pode expor ao público todo o seu carinho e afeto pela cidade. No salão, uma bandeira gigante de São Bento do Una, que foi fundada em Mil Setecentos e Lá-vai-o-trem. Depois, uma parede inteira coberta de fotos emolduradas da cidade. "São Bento do Una em 1916". "São Bento do Una em 1917". "São Bento do Una em 1918". Sabe, um dia eu perguntei pra meu pai quem eram aquelas pessoas na foto e ele me respondeu que não sabia.

- Pai, quem é esse aqui da direita?
- Sei não, meu filho.
- Esse aqui?
- Esse daí eu também não sei não, Eduardo.
- Pai...
- Que é... ?
- Tem alguém na foto que o senhor conheça?
- ... Boa pergunta, meu filho.
- E pai...
- Oi.
- Tem alguma foto em que tenha alguém que esteja... vivo?

O povo daquela cidade é até legal, sabe, legal pra caramba. Eles são muito amigos e muito fervorosos quando o assunto é a cidade.
Meu pai saiu de lá quando tinha, acho que, 17 anos. Foi para São Paulo com a família, ver se conseguia coisa melhor lá. "Tô fazendo nada vamo lá".
Lá ele começou como funcionário de banco, trabalhou, ralou, deu o suor e foi promovido a bancário. Eu bem nunca soube distiguir as duas denominações, mas deixa quieto. Virou gerente. Mudou de banco pra continuar gerente, foi transferido p'ra cá pra Recife, e aqui ficou.
A infância pobre fez com que ele aprendesse a valorizar desde sempre o dinheiro. Uma vez meu primo veio aqui para casa para passar as férias, e como o shopping mais famoso da cidade fica aqui do lado, eu pedi um dinheiro para ele.
- Pai, dá um dinheiro p'ra eu e Gabriel irmos lanchar no shopping.
- Você e Gabriel?
- É.
- Peraí - pegou a pasta de trabalho, tirou uma bolsinha minúscula para guardar moedas (ele chama de "miaêro"), despejou na mão e contou - tome, aqui tem dois e sessenta e cinco [reais]. Faça a festa.

Depois desta eu passei a pedir apenas tickets alimentação pra ele, já que os valores eram mais altos, e não se podia alterar o valor de um ticket.
- Pai, peguei um ticket pra comer no McDonald's.

- De quanto? - ele pára de contar o dinheiro, levanta a cabeça e olha pra mim, com aquela expressão estipuladora de preços que só quem lida diariamente com pão-duros conhece.
- 10 reais.
- 10 reais, meu filho?? - faz aquela cara de reprovação e volta a contar o dinheiro.
É, como se 10 reais desse pra comprar um lanche no McDonald's... Se algum dia ele souber dos preços reais, ele me proíbe de comer lá...
Seria melhor se eu dissesse "5 reais pai, vou num podrão aqui da favela ao lado e volto com meus amiguinhos Salmonela e Bala Perdida, ok? Não me espera" ou "Ah pai, foi mal. Tá! Me dá um real aí que eu compro pão-doce e faço uma vitamina de banana p'ra eu tomar aqui em casa antes de ir pro shopping com meus amigos".
Quem sabe algum dia eu poste mais sobre meu pai. Quer dizer, isso se o FBI deixar.

sexta-feira, junho 26, 2009

Morre eterna "pantera" Farrah Fawcett

Morreu ontem a atriz e símbolo sexual "Farrah Fawcett", que ficou conhecida pela sua atuação na série "As Panteras". Com 62 anos, Farrah lutava há 3 anos contra um câncer anal que havia se espalhado pelo fígado. (Eu imagino o que ela deve ter feito para contrair esse câncer...)


A atriz passou os seus últimos momentos ao lado do ator e companheiro Ryan O'Neal. Os dois tinham um filho, Redmond, de 24, que está atualmente em reabilitação por violação de uma liberdade vigiada em um caso de drogas. O pai também foi detido por porte de drogas.
(Éé, tal pai, tal filho)


A maior herança de Farrah foi sua atuação no seriado "As Panteras", de 1976, ao lado de Kate Jackson e Jaclyn Smith.
(A maior herança dela, na minha opinião, foi a edição da Playboy em que ela posou nua, a 3.ª mais vendida nos EUA, onde ela mostrou toda a sua perform Onde ela empregou milhares de profissionais e vendeu mais de 4.000.000 de cópias - isso sim é que é herança!)


Quanto à morte de Michael Jackson, ainda não temos maiores informações. Escreveremos assim que recebermos quaisquer notícias.

O máximo que podemos dizer é que o rei do pop está no lugar pra onde sempre quis ir: um lugar onde as pessoas não crescem, onde tudo é branco e onde ele vai viver eternamente rodeado de anjinhos.




Ah, fala sério! Vocês não acham que eu ia deixar de comentar a morte do ex-Jackson 5, iam?
Aaahh, logo eu que tiro onda até de mim mesmo? Mesmo quando eu sofro uma decepção amorosa ou quando acabo o namoro? Sério, acho que, se desse, depois que eu morresse, iria tirar onda da minha própria cara.

Thriller é perfeito, Michael - ótimo músico, ótimo sustentador de vários cirurgiões plásticos e ótimo pai, mas eu sinto, bem lá no fundo mesmo, que é um sinal dum brainstorm vindo.
Ah, ok, eu não sei o que falar dele, só poderia soltar algumas piadas infames aqui do tipo "A primeira coisa que Michael Jackson disse ao chegar no céu foi 'São Pedro, cadê o Menino Jesus'", ou dizer que ele vai pro inferno porque ele era BAD, e que lá ele vai fazer o HELLWALK, mas eu não sou de falar estas coisas de uma celebridade tão respeitada.
Mas pô, o cara já tava esquelético, devedor de uma fortuna de cerca de $5x108 e ainda tinha aquela cara feia - rapaz, eu se fosse ele, também não aguentava muito tempo não...

Ainda tem gente que acha que ele deve ter planejado a morte, que ainda tá dando seus moonwalks em alguma ilha do Caribe por aí, fugindo da vida, como fez, segundo especulações, Elvis. Tem gente que diz que ele vai levantar da tumba e começar a dançar Thriller, mas eu realmente acredito que

Michael Jackson morreu.
Descanse em paz, rei do pop.
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Tá, a última.
Michael Jackson morreu, o fantasma dele vai ser preto ou branco?*
* a essa aí eu tenho que dar o crédito pro Danilo Gentili.

quarta-feira, junho 24, 2009

Minha primeira decepção twitteriana

Enquanto isso, no Twitter...


Marcelo Tas é o primeiro brasileiro a atingir os 3 dígitos (100,000) em seguidores no Brasil, sem fakes. Mais que isso, só Jesus Cristo!
Ele é apresentador do CQC, humorista, repórter e ex-ídolo meu.

Alguém tem um manual de twittcídio?

terça-feira, junho 23, 2009

De repente,

Foi repentino.

Repentino até demais.
Você apareceu, assim, do nada. Me mudou, virou minha cabeça.
Fixou-se em mim, grudou de jeito... cara, minha expressão mudou.
Eu sei, eu sei, são coisas da vida, mas teria de ser assim, pô? Tão de repente?
Eu poderia me preparar antes, né...
Você tava ali, na sua, não te notei no início, mas depois, depois foi difícil te ignorar...
Meu, tô até sem palavras, feliz pra caramba. O que veio depois é o que importa...
Eu nunca diria que me sentiria tão bem, foi um alívio, porque antes, ah!, antes tava tudo uma droga. É, uma droga, uma merda total.

E tipo, eu posso te assegurar que você fez parte da minha vida.

E de repente, não mais que de repente, você foi especial pra mim... Disso eu tenho certeza.

Especial, de um jeito que eu não tenho nem palavras para descrever.

Apesar de tudo, este momento chegou, e eu estou tão feliz em poder falar, me expressar, gritar...

FINALMENTE TE DESGRUDEI, CHICLETE DESGRAÇADO.

NÃO

NÃO. NÃO.
NÃO NÃO NÃO NÃO
NÃO
NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!


NÃÃãÃÃãÃÃãÃ
ÃãÃÃãÃÃOO!!
Meses resistindo sem nenhuma curiosidade, sem nenhum "será que", sem nenhum "opa, quê isso".
Sempre respondendo "Isso é coisa pra desocupado", "isso é coisa pra vagabundo" (como se eu não fosse um
...)
Bastou-me uma garrafa de Coca-cola de 1L, uma noite sem dormir e algumas idéias fluindo.
Rendi-me à modinha. Mamãe, perdoe-me. Papai, eu tentei. SENHOR, PIEDADE.

FODEU, TÔ NO TWITTER!

Agora é que eu não estudo mesmo.
Por que é que eu fui fazer isso?

Piadas infames twittadas constantemente, ó céus, onde é que esse mundo vai parar?

Era pra pelo menos ter uma mensagem de boas vindas, pô. Um miguxo seu dando um "OI CARA BOM TE VER POR AQUI", mas não, você tem que se virar (ui).
Confesso que acreditei, por alguns segundos, no balãozinho que dizia "That's a nice picture!" quando eu fiz o upload da minha foto pra perfil. Cadê o famoso passarinho do Twitter, ele não vem conversar com a gente, ou eu vou ter que ficar twittando pra ninguém?

Vou ali encher a cara de tweets, passar bem. Me segurem: mamãe eu sou um danadão.

O homem que sabia demais

Diz se da história do homem que sabia demais.
Ganhara duas vezes na Mega Sena - a segunda só para manter sua fortuna, que estava acabando, mas jurara para si mesmo que nunca mais apostaria na Mega Sena outra vez. Jogava agora na Dupla, na Quadra e na Quina, e, por diversão, na Lotogol. Usava raspadinhas para comprar seus carros - era o terror das lotéricas.
Era consultado por professores, economistas, cientistas, presidentes... (tanto de empresas quanto de países).
Espalhou a cura para os males do mundo, evitou o aquecimento global, novas pandemias.
Recusava-se a dar respostas sobre os segredos do universo.
- Existe vida em outros planetas?
Ele sempre ficava calado, nunca respondia. Mas tinha encontro com habitantes do planeta AC280X às sextas, pelo menos uma vez por mês, para jogar um truco, um poker, jogar conversa fiada.
Sabia o que as mulheres queriam. Tinha poder, dinheiro, mulheres.
Mas um dia não conseguiu prever sua vinda.
Veio repentina.
Arrasadora.
Bruta.
Tomou-o de jeito e o derrubou.
Clarice, era o nome dela. Conquistou-o desde a primeira vez que a vira; não previra, porém, uma relação tão profunda e duradoura.
Apaixonou-se, casou-se, teve filhos. 3 lindos filhos. Ricardo, Fábio e Mariana. Eram sua paixão.
Não previra, ainda, que seu dom se acabaria com o tempo. Aos 40, tinha de concentrar-se para lembrar dos resultados futuros das loterias.
Aos 47, internou a si mesmo por prever, com 1 dia de antecedência, um AVC. Foi a notícia do Brasil durante 5 dias, até que ele saiu do hospital, acompanhado dos filhos e da mulher, que não o deixara desde o momento em que ele entrara no hospital.
Aos 51, ouvia constantemente reclamações dos frequentadores das lotéricas em que ia.
Tinha de ficar 30 minutos lá, parado, para lembrar se havia ao menos uma raspadinha premiada. Não tinha paciência para fazer os jogos das loterias nas lotéricas, passara a fazer em casa, e de hora em hora, escrevia 1 número, porque lembrava-o enquanto fazia outras atividades.
Deixou de ser consultado por grandes personalidades.
Ao 62 anos ganhou o prêmio Nobel da Paz, não previra.
Não previra o novo vírus, que dizimara 1/5 da população norte-americana, e 1/10 da européia. Não previra o gigante terremoto que abalou até mesmo localidades onde nunca se considerou a hipótese de terremotos.
Não previra a desumanização das pessoas, que tornaram-se cada vez mais frias e anti-sociais devido à tecnologia.
Passou a isolar-se.
Não sabia mais de nada, era agora um pessoa normal. Guardava suas amarguras para si mesmo, e suas dúvidas sobre as ações do passado - teria ele feito tudo corretamente?
Começou a tornar-se paranóico.
Depressivo, não saía mais de casa.
Temia estranhos, tinha medo de animais, bactérias. Passou a medir tudo o que comia, peso, altura, largura, espessura. Suas comidas preferidas eram as bolachas de agua e sal, por serem uniformes.
Agia estranho. Agia estranho nos jantares em família, não falava com ninguém.
Um dia depois de um jantar em família, beijou sua esposa ao acordar como não fazia há dezenas de anos, ligou para seus filhos e saiu. Nunca mais voltou.
Sabia ainda o dia em que morreria; hoje.

segunda-feira, junho 22, 2009

Atendentes de pizzaria e clientes indecisos #2

- Pode falar.
- Três.
- Três...
- Zero...
- Zero...
- Zero...
- São dois zeros, senhor?
- Não, é zero.
- Senhor, são dois zeros depois do três?
- Não, é zero zero.
// E agora sou eu quem vou falar número, pra me acalmar... Um... Dois... Três...
- Senhor, o senhor poderia falar todo o número do cartão?
- Trezentsmilhoesduzentoesessentaissetemiltrezen
// Ele tá tirando onda com a minha cara?
- Senhor, calma.
Depois de tanto sofrimento, e de tantos minutos gastos no telefone, consigo anotar o número.
- Por favor, a data de validade do cartão e o código de segurança.
- Data de validade... É 06 de 2010. O código de segurança é 111.
- Agora o nome do próprietário exatamente como está no cartão.
- Pra que tu quer meu nome?
- Senhor, o nome é para fornecer para a Hipercard em caso de qualquer problema.
- Tá ok, vou confiar, hein. O nome é Cléxirson Arantes Rego. Com x...
- Clérxison?
// KAKAKAKAAKAKEGA IUEHEOSHEAIUEHAOEIçolHrPOIEHAOÇiuA GFai|RyheoiAHEDoiPHPOIUPEOÇAHEOiAGEloAIHDA
- Sim...
- Ok senhor... - tentando me conter - seu pedido já foi feito, mais alguma coisa?
// AOIUEHOAÇIJAOIHSE
- Não, valeu véio.
// "Véio"?
- Muito obrigado, então, tenha uma boa noite - mando o pedido para a cozinha e me preparo para desligar e suspirar de alívio.
- PERAE
- Oi.
- Eu queria um guaraná de 2 litros.
// P'ra adicionar um guaraná de 2 litros ao pedido, eu não precisaria da comanda que foi para a cozinha: ufa. MAS O PUTO FOI ADICIONAR O GUARANÁ DEPOIS D'EU FAZER A TRANSAÇÃO DO CARTÃO, BAGALHO.
// Agora eu vou ter que cancelar a transação e fazer uma nova. HEHEEHEHEHEHEE
- S-sim senhor, mais alguma coisa?
// Você leitor deve estar imaginando como eu ainda tenho paciência. Eu também não sei.
- Ei, véi, tem como eu pagar com meu outro cartão? Peraí, vou pegar lá.
// Ei "véi", tem como eu ir aí chutar teu saco?
- Senhor, é mais fácil ser com esse cartão, já que eu já peguei todas as informações.
- Tá ok, pode ser.
- Senhor, mais alguma coisa?
- Ah, vocês tem alguma sobremesa pra mandar?
- Hoje não, senhor, mais alguma coisa?
- Não, valeu doido.
- Ehr, muito obrigado, daqui a pouquinho tá chegando.
- Quanto tempo leva?
// O tempo que eu conseguir chingar sua mãe ao máximo...
- De 15 a 20 minutos, obrigado, boa noite.
- Boa noite.

Continua...

domingo, junho 21, 2009

Cândido

Aproveitando o espaço que tenho, estou aqui para divulgar o teaser do mais novo curta do consagrado diretor Eduardo Roxius, reconhecido internacionalmente e grande amigo meu, juntamente com a HomeMade Productions, uma produtora dos EUA muito conhecida e vencedora de vários prêmios.

O nome do curta é Cândido, ainda não está pronto e por isso só estou mostrando o teaser.

Antes de ver, pause o vídeo antes que ele comece. Espere carregar tudo, ponha seus fones de ouvido e aumente o volume até o máximo. Se não tiver fone, aumente o volume até uma altura considerável, mas de forma alguma, assista-o sem som ou com volume baixo.
ASSISTA SOMENTE EM TELA CHEIA. Clique na imagem para assistir.

sábado, junho 20, 2009

Jimmy BigMac #1

Nascido João Batista Valverde Galvão, no dia 21 de março de 1981 (pelo signo de Áries, um dia antes e ele seria de Peixes), com 3450 gramas e 51 cm. Jimmy BigMac era, relativamente, uma criança maior do que as outras. Falou a primeira palavra aos 2 anos e 11 meses, quase 3 anos - que foi "auau". Seu primeiro "dentinho" nasceu aos 4 anos.
Mas o dia em que Jimmy mais se recorda, e mais gosta, foi o dia 21 de março de 1986, seu aniversário de 5 anos.
Ele lembra bem. Sua família foi comemorar seu aniversário num restaurante no shopping center mais famoso da cidade. Todos juntos, pediram a comida e ficaram sentados na mesa, conversando e esperando. O pai, a mãe, Jimmy e os 3 irmãos eram uma família normal, de classe média e de alimentação, digamos, convencional.
Foi quando Jimmy viu, através do vidro da porta, o amarelo. O vermelho. O M. M. M. M. M. M. Desceu da cadeira para crianças e correu pelo restaurante todo sem ser notado pelos pais. Correu até o gigante M amarelo. Queria pegá-lo, não alcançava. As pessoas olhavam para aquele menininho "gorduchinho" sozinho, olhando para o M. De repente, o palhaço.
- Olá, menininho. Como você se chama? - disse o Ronald McDonald.
O menino gorducho ficou lá, parado. Olhou para o palhaço e depois fixou os olhos no M. O Ronald notou para onde o menino estava olhando, o levantou e deixou com que Jimmy tocasse no tão desejado M amarelo e luminoso.
Com uma criança gorducha e feliz nos braços, o palhaço não sabia a quem entregar o garoto.
- Onde estão seus pais? Ahn?
A criança não o olhava, estava com seu olhar no restaurante. O palhaço olhou, pela porta de vidro, via-se a família falando com os funcionários, preocupada.
Foi até lá e entregou o menino. Todos ficaram felizes, e Jimmy continuou olhando para o gigante M luminoso. Queria o gigante M luminoso. Chorou, esperneou, gritou.
A mãe o levou até lá, ele olhou o restaurante amarelão e enfeitado. Olhou os sanduíches - sua mãe um dia se arrependeria de levá-lo até lá.
Não preciso dizer que ele teve de chorar mais uma vez para conseguir um hambúrguer.
Provou o hambúrguer e ficou lá, a dentar o sanduíche, sentado, feliz e com as pequenas perninhas balançando. Nunca mais esquecera seu primeiro McDonald.

quarta-feira, junho 10, 2009

Maria Moça Pomposa da Padaria #1

Capítulo 1 - A tristeza do jovem Amaro


Manoel de Portugal [português, de Portugal],
Pintava paredes, portas, rodapés, macas, pacas opacas, pés.
Dona Maria, Moça [Pomposa da padaria],
Dizia que tinha certa mania
- De assobiar [para todo homem bonito que da janela ela via passar].
Na viela, caminhava e amava Sofia, o jovem Amaro sofria -
Pois sua amada não o queria.
Pobre Amaro, sozinho lá fora, e sofria, pois sua amada não o queria.
Dona Maria assobia...
O pomposo assobio [de moça pomposa da padaria] nada fazia,
Pois o jovem Amaro mal-Amado só pensava em Sofia,
E por isso Sofria.
E foi embora.
Maria queria assobiar para alguém,
Não apareceu ninguém.

segunda-feira, junho 01, 2009

Atendentes de pizzaria e clientes indecisos #1

Experiente (ou nem tanto) em atender telefonemas de tanto trabalhar na pizzaria do meu pai, naturalmente aprendi, aos poucos, certos hábitos, costumes e chatices dos clientes, como por exemplo o fato de casais geralmente sentarem-se frente-a-frente nas mesas (vez ou outra aparece um que senta lado-a-lado, mas isso já depende da relação entre eles), ou o mau-hábito de certos clientes em deixarem para escolher o sabor da pizza enquanto estiverem pedindo pelo telefone.
- Pizzaria O Lenhador, boa noite.
- Alô? É do Lenhador?
// Ai meu pâncreas.
- É sim senhor.
- Eu gostaria de fazer um pedido.
- Pode falar.
- Eu queria uma pizza.
- Qual o sabor e tamanho?
- Quais os tamanhos que tem?
- Nós temos "pequena", "média" e "grande".
- Pequena tem quantos pedaços?
- A pizza pequena tem 4 pedaços, senhor.
- E a média?
- A média tem 6 pedaços, a grande 8.
- Me vê uma... Média.
- Qual o sabor, senhor?
- Éé... Quais sabores que vocês têm?
- Senhor, nós temos mais de 35 sabores.
- Então me vê uma de... Queijo. Me vê uma pizza de queijo.
- Muçarela? *nota: muçarela ≠ mozzarela, e não existe "mussarela".
- É, é isso aí. Dá pra dividir em duas?
- Dividir em duas? A pizza já vem fatiada.
- Duas... Duas opções.
- Ah, dois sabores? Sim, sim, claro.
- Me vê meia... Meia... Meia queijo meia Mista.
- Mista... Presunto, você quer dizer?
- Isso. Ah, peraí - voz do cliente falando com outra pessoa - Amooor, vai querer pizza de quê? *longa pausa* tem galinha com catupiry?
- Frango com catupiry... Temos sim, senhor.
- Me vê uma meia queijo, meia... Meia frango com catupiry.
- Ok, mais alguma coisa?
// Não satisfeito, nosso querido e indeciso amigo decide encher ainda mais o saco (pelo menos para isso ele não é indeciso) - mas ele não tem culpa: é um dom natural dos clientes chatos.
- Dá pra dividir em três sabores?
- Não senhor.
- Tudo bem.
- Vem com refrigerante de brinde?
- Não senhor.
- Ah, é que eu pedi aí e veio com um guaraná de graça.
- Essa promoção acabou há muito tempo.
// (Vide anos-luz)
- É? Então deve fazer um tempinho que eu não peço comida daí de vocês...
- Senhor, mais alguma coisa?
// Por que é que eu fui perguntar?
- Pode mandar, é aqui do lado.
- Deu $$ reais.
- Ué, mas eu já comi aí e a mesma pizza foi $ reais.
- É que nesse valor está inclusa a taxa de entrega.
- E quanto é a taxa de entrega? Eu moro aqui do lado, é aqui pertinho, três ruas.
- A taxa é R$2,00, senhor, e mesmo assim nós cobramos taxa de entrega.
- Poxa, é aqui pertinho... Mas tudo bem.
- Senhor, mais alguma coisa?
- Não, não, pode mandar. Vocês aceitam cartão p'ra viagem?
// Existem cartões. Cartões telefônicos, cartões de indentificação, cartões de visita... E existem cartões de crédito. Os cartões de crédito foram inventados para facilitar nossa vida, neste caso, você não precisa andar mais com dinheiro - ande com um cartão de crédito. Você pode usá-lo para comprar coisas... Utensílios, eletrônicos, coisas para o lar. Comidas. O problema é que determinados estabelecimentos não oferecem suporte para determinados cartões de crédito. E não, você não pode parcelar pagamentos de comida.
- Aceitamos, senhor.
- Aceita... American Express?
// Pota que o pareol! Hoje eu pago todos os meus pecados.
- Não senhor.
- Dinner's Club?
// Ainda existe esse cartão?
- Não senhor, para viagens nós só aceitamos Hiper e Master.
- Pô, eu queria pagar com VISA...
// Só porque não tinha.
- Nós só temos Hiper e Master Card.
- Então tá, deixa eu pegar meu Hiper.
- Ok.
// 2 minutos depois...
- Peraí, vocês parcelam?
// Peraí, posso amassar a sua cara feito um purê de batatas? Ou tenho que evitar fazê-lo simplesmente desligando o telefone?
- Não senhor, pagamento de comida não se parcela.
- Ah, ok, então anota o número do meu cartão...

Continua no próximo episódio...