sábado, setembro 05, 2009

O drama de um resfriado III

Pisei em algo que eu posso apenas descrever aqui como uma "pecinha de plástico", mas que talvez fosse uma peça importante de algum aparelho vital para a vida de alguém... Nossa, que viagem.

Notei outras 3 peças destas no chão. Fiquei me perguntando se isto era importante, e depois minha atenção foi mudada para a sala em si. Eu fiquei imaginando o que seria dela se ela fosse num hospital público. Seria cheeeeeia de gente.

Chega na sala o que eu acredito ser um enfermeiro.
- Boa tarde, eu vi aqui pra fazer um hemograma.
O ar condicionado deveria ter afetado os meus neurônios, eu não entendi.
- Exame de sangue - ele falou.
Aaaaaahhh, agora entendi. O cérebro afetou mesmo, eu não soube o que era hemograma.

Foi neste momento que eu descobri que sou uma moça. Que agulha pra doer, véi!
Ele tirou a agulha com o frasquinho de sangue e eu fiquei torcendo pra que ele não tivesse que furar o meu braço de novo, o que ele não fez...
Ufa!

Depois disso fui encaminhado pra fazer o exame de raio-x.
Eu aprendi na escola que os raios x são uma série de ondas eletromagnéticas.
E daí? Eu só uso pra tirar foto de dentro de mim mesmo. Foda-se.
Tirei a foto das minhas entranhas e voltei para a sala.

Mais tarde a médica me disse que não tinha nada de errado comigo, e que a minha doença "não tem nada a ver com gripe suína", era apenas uma "infecção nas vias aéreas".

Bom saber que eu não estava com gripe suína.
Oinc.

O drama de um resfriado II

Depois d'eu rir discretamente sob a máscara, o médico aparentemente gay disse:
- Pacientes com gripe a gente tá encaminhando para uma sala reservada, ali.
"Sala reservada, hein? Se eu fosse negro isso ia dar era confusão".
Ele me levou até uma sala de espera.
"Legal, sala VIP".
Fui atendido um ou dois minutos depois pela médica, que me encaminhou à sala VIP, enquanto eu segurava uma prancheta com uma ficha com todas as minhas informações, incluindo nome, endereço, telefone e tudo o que for preciso para que me seqüestrassem depois. Que tal um agente da ABIN com uma coisa destas, hein?
Além das minhas informações, a prancheta indicava o requerimento de exames como "exame de sangue" e "raio-x". "Fure-me" e "tire foto das minhas entranhas", legal.
Eu entrei na sala e escolhi uma cadeira para sentar. Vi outros dois caras, também com máscara.
É, na maioria das vezes, interessante ver alguém na mesma situação que você, você fica querendo saber o que vai acontecer no final com aquele cara com o qual você se identifica em pelo menos algum detalhe ínfimo - neste caso, o detalhe ínfimo que eu tinha com os dois caras era o fato d'eu estar resfriado e num quarto e com uma máscara de hospital.

Que tal uns agentes da polícia invadindo o hospital pra matar todos os casos de gripe suína, hein?
Eles chegariam lá, perguntariam a um paciente
- Cadê os resfriado
e andariam imediatamente pra onde alguém apontasse, o que seria mais ou menos a sala onde eu estava. Eu terminaria sendo metralhado por estar gripado.

O drama de um resfriado I

Acordo repentinamente de manhã. Quase que instantaneamente, minha mãe abre a porta do quarto dela para me acordar.
- Não dá, mãe. A garganta piorou. Nariz entupido...
Ela já havia entendido - no dia anterior eu tinha dito à ela que minha garganta tava ruim, mas tinha ido pra' aula (coincidentemente antes d'eu ir pro colégio, mas esse foi o responsável pela minha piora, até porque as salas têm ar condicionado).
Hoje foi diferente, não era só a garganta doendo. Era a garganta doendo, o nariz entupido, o corpo febril e a porra loca toda.
Ainda bem, porque hoje eu não tava mesmo afim de ir pro colégio.

Depois de passar a manhã no computador esperando que alguém me levasse ao hospital, finalmente vou. Chego lá, apresento minha carteira do plano de saúde à atendente e fico esperando sentado. De repente sou chamado novamente, e na recepção surge na minha frente o que eu diria ser o primeiro médico aparentemente gay que eu já vi na minha vida.
Não que ele estivesse usando um jaleco rosa ou algo do tipo, mas era um gay daqueles, do tipo que você detecta só de olhar para a cara dele.
Quer dizer, eu não tinha certeza se ele era, e o único 1 segundo que eu olhei para ele não foi suficiente para que meu cérebro trabalhasse na hipótese dele ser gay. Apesar disso, depois deste 1 segundo passado, ele falou algo que revelou a opção sexual dele antes mesmo d'eu imaginar. Ele olhou pra mim e disse:

- Chiclete.
"Boiola".

Brincadeira, não foi isso o que ele me disse. Ele olhou pra mim e disse:
- Tá gripado?
Eu disse:
- Dor de garganta há alguns dias, nariz entupido também.
- Catarro?
- Aham.
Ele olhou pra mim ao mesmo tempo em que pegava algo, com uma cara de como se eu fosse correr dali e sair espirrando em todo mundo quando ele bobeasse e tirasse a vista de cima de mim.
Me deu uma máscara, a pus e fiquei rindo discretamente pra mim mesmo sobre a possibilidade d'eu estar com gripe suína. Oinc.

quinta-feira, agosto 06, 2009

Como dizer "Eu Te Amo"

Esse texto eu fiz um certo tempo atrás e só agora decidi postá-lo.
Bem meloso, mas espero que vocês gostem.


Como dizer "Eu te amo"

Difícil para os tímidos, o ato de dizer "Eu Te Amo" significa mais do que organizar as palavras e dizer para alguém que você gosta dela.
"Eu Te Amo" pode ser dito de várias maneiras, o que importa é o momento e o jeito certo.
Aos amigos, abrace o mais forte que puder e sussurre em seu ouvido: "Eu Te Amo". É importante que seja bem próximo ao ouvido.
Quando longe, imagine o quão perto a pessoa poderia estar, e diga com vontade.

Pros seus pais - não diga ao mesmo tempo. Ninguém é amado de forma semelhante, muito menos sua mãe, seu pai.

Para a amada, seja cuidadoso.
Ame-a ao acordar e ao dormir, pois são seus primeiros e últimos momentos do dia.
Já pensou em dizer, assim, de repente?
Não o faça. Mostre por gestos.
Abrace-a com a mesma vontade que tem de dizer "Eu Te Amo" e o quanto você a quer do seu lado.
Convide-a. Para sair, para ir [mesmo que seja até alguns passos].
Olhe-a nos olhos, mesmo que ela não esteja vendo, e ameace dizer bem alto: "EU-TE-AMO". Mas não o faça.
Ainda assim, mesmo que ela já saiba, não diga.
Espere até que seja o último momento. Ela não vai saber o quanto você esperou por isso, mas faz parte.
Faça o que tiver de fazer, e só diga quando ela achar que você não vai dizer nada.
Chegue bem próximo ao seu ouvido... Sussurre: "Eu Te Amo". Do seu jeito. Gagueje, mas não deixe de falar o "Eu".
Sem o "Eu", o "Eu Te Amo" se torna "Te Amo", quase um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite".

Com o ouvido sussurrado, aguarde a resposta, seja ela positiva, negativa ou neutra.
Aproevite enquanto a ama.
Porque é dicífil dizer "Eu Te Amo".

quarta-feira, julho 15, 2009

La noble arte de no hacer nada

Com uma vontade de postar algo aqui, mas sem nada pra escrever, e sem idéias na cabeça, resolvi postar sobre o meu dia.

Diferentemente do título ("A nobre arte de não fazer nada"), eu fiz dezenas de coisas no meu dia, e aqui eu postarei as mais memoráveis.

Acordando de 10h40. Pegando "busão" pra a Imbiribeira para então dar o castigo na juba. Tinha marcado com a cabelereira no dia anterior, de manhã (se isso fosse um filme, iríamos para um flashback do meu telefonema à casa da cabelereira que é anexada ao salão, às 22h30, acordando ela). Chego lá, a mulher ia fazer uma "escova" numa cliente e não podia me atender. Tá bom que eu devo ter chegado 1h, 1h30 depois, mas pô. Só podia ser vingança.
Tinha que correr para um evento no shopping. Vou pra outro cabelereiro, dou o castigo no devedor, que por sinal depois noto que ficou precisando de uns retoques (ELE TIROU MINHA FRANJA, VÉI. VOU MATÁ-LO).
Corro pra pegar o ônibus, casa, banho, shopping.
Saraiva do Shopping Recife.
Missão: Suporte à equipe do CineFlash no evento de Harry Potter.

Eu gostaria de ficar claro que eu não sou gay, simpatizante, nem essas porra toda. Mas eu gosto de Harry Potter.
Brincadeira.
Foi o evento que tomou grande parte do meu diae foi lá que começou meu bom humor. Corro pra chegar, chego, troco de camisa e vou distribuir panfletos.
"Boa tarde, senhor *entregando um panfleto do patrocinador*. O CineFlash tá realizando um evento de Harry Potter ali no Espaço Manuel Bandeira, ok? Boa tarde"
Eu não li o sexto e ainda não vi o filme. Fuck. Quero ver Dumbledore morrer. Assim posso dizer "RÁÁ EU VI O VELHO MORRER E NEM CHOREI LOOOOL".

Eu tinha esquecido. Eu juro que eu tinha esquecido. Aí eu lembro.
- EITA! Quando é que vai ser o concurso de cosplay? (cosplay = "fantasia")
- Vai ser agora.
- QUÊ?
- É, agora. Vamo, tu é do júri artístico, né?
Júri artístico. Eu imagino o que poderia ser. A combinação de cores na fantasia? Não, os personagens têm cores definidas nas roupas deles nos filmes. Se o cabelo dela tá bem preso? Ná. A bota, sapato igual? Não, isso é pro júria técnico.
Então que fucking fuck o júri artístico julga?
4 candidatos, 2 não chegaram. 1 Luna Lovegood, outra Hermione.
A "Luna" estava impecável, praticamente igual. Cabelo, roupas, sapato, até o óculos, igualzinho.
Hermione Granger - a menina não tinha cabelo parecido, rosto parecido, sapatos parecidos. AS vestes, tavam ok.
As duas desfilam e fazem interpretações curtas de 10-15 segundos das personagens. Enquanto isso, eu nervoso, na frente de todo mundo, com aquele cabelo curto feio escondido pelo chapéu, pensando nas notas.
Começa. Sou o terceiro. Luna.
- Muito bom, performance ótima, gostei, vai 9,5.
Um jurado do meu lado:
- Não pode dar nota quebrada. Tem que ser redonda.
Eu diria "Redonda? Então mandaê um NOVE PONTO CINCO ZERO". Presumidamente eu teria de dar um nove.
- É? Então 10 mesmo.
Hermione, minha vez.
- Olha, a performance foi ótima, eu vou te dar 8 - quando estou nervoso, estou mais propenso a falar merda, mas eu tava bem. Até agora - mas assim, não sou do júri técnico, mas eu acho que você deveria ter dado uma caprichada maior na fantasia. Assim, eu acho que você se esforçou ao máximo. Ou não...
Eu estaria mentindo se dissesse que vi a expressão da menina mudar pra um tipo "Ehr... Ahn?", mas com certeza foi o que aconteceu com todo mundo aquela hora. O melhor foi o final.
- Mas eu com certeza não iria tão longe quanto você, é a vida.
Eu juro, juro que não ouvi eu falando esse "é a vida". Estaria eu sendo controlado por algum vodú ou magia potteriana? Ainda bem que eu tenho cara e jeito de drogado/bêbado, pelo menos uma desculpa. Ou então eu "tava com sono".

Fora o reporter super-irreverente do CineFlash (não foi sarcasmo). Rodrigo Marques, o eterno sem-noção, perguntava às meninas o que elas achavam do fato de "Hermione estar mais gostosa" e se elas "pegariam na varinha de Harry". É claro que de brincadeira.

Ah. Tô com sono. Depois eu posto mais coisa.

segunda-feira, julho 13, 2009

Atendentes de pizzaria e clientes indecisos #3

Para quem não viu a primeira e a segunda parte da trilogia da lendária aventura telefônica do nosso atendente de paciência odisséica, engulam os links:

Atendentes de pizzaria e clientes indecisos #1
Atendentes de pizzaria e clientes indecisos #2

Por fim, a última parte da saga da aventura.



- Ufa!

A esta hora o cara deve estar do outro lado da linha, rolando no chão de tanto rir da minha cara, ou se ele for um nerd, geek, ou antenado com os crescentes memes cibernéticos, ele deve estar ROFL.

Feliz por ter acabado o sofrimento com o cliente de inteligência duvidosa, já posso voltar a trabalhar tranqüilamente, computar pedidos, fechar mesas e atenter telefonemas... Falando em telefonemas, o telefone tá tocando.
- Lenhador, boa noite.
- Alôédolenhador;;
// A voz. Não... Era ele.
- L-Lenhador, boa noite.
- Moço eu acabei de pedir uma pizza teria como o senhor cancelar
- Qual foi a pizza?
- A de queijo e a de galinha
- A com o cartão?
- É é é
- Ok.
- Tátchau
Tu Tu Tu Tu...

FIM.

sábado, julho 11, 2009

Sobre fones de ouvido e falar sozinho

Como usuário de fones de ouvido veterano, posso afirmar com seguraça que estes negocinhos trazem um perigo p'ra nós.
Além de f*der com a sua audição, se usados erroneamente, os fones de ouvido podem te isolar do mundo social e te dar fama de doido.

Quem tem mania de batucar o pé enquanto ouve música sabe do que eu tô falando. O cara que curte ouvir uma música mais pesada e mais agitada tem o instinto de bater o pé no ritmo da música. Bater o pé é o que há. Mentira, bater o pé é a maior idiotice. Você tá lá, tentando acompanhar a bateria com seu pé, e o pessoal te olha daquele jeito que só os batedores de pé conhecem. É uma maneira alternativa de virar baterista, percussionista ou o que quer que seja. Você pode virar batucador de mesinha com os dedos, com as mãos, ou no fim de carreira, quando você estiver já passando fome, virar batedor de pé no ritmo da música. "Olha como eu acompanho a bateria com meu pé!"
Juro, nem é tão ruim bater o pé ouvindo rock quanto bater o pé ou mexer a perna ouvindo... Música eletrônica.
Eu já fiquei com fama de doido num ônibus por mexer frenéticamente a minha perna enquanto ouvia meu mp3, ou então acharam que eu tinha algum tique nervoso, sei lá. Mas a culpa não era minha! Era do maldito cover de No Love Lost do LCD Soundsystem, pô! (LCD Soundsystem não é eletrônica, vide dancepunk)
Existem ainda os que dançam e cantam (seja alto ou baixo) enquanto ouvem música alta no fone de ouvido. O perigo disso é fazê-lo com os olhos fechados... Experimenta, p'cê ver.

Ah, já ia me esquecendo da parte de "falar sozinho" do post. E tem a ver com fones de ouvido. Vamos lá.

Você tá andando pelo shopping (já repararam que eu falo tanto em shopping? Já repararam que eu falo tão pouco em fazer compras no shopping? Duas coisas tão próximas... Não pelo menos de mim) e vê um cara todo na beca, de terno e pasta de couro olhando as vitrines, as pessoas, sorrindo e falando:
- Não, Mauro, não não não não. É o seguinte, a Imobilis tá entrando com um lucro de 6% em relação ao ano passado, tá Entendendo? O problema é que os investidores tão... Éé, é *balançando o rolex*, aí o que eu tô dizendo é que... Hahahaha...

Aí o cara vira e você vê que ele tá com um fone bluetooth, ou como a Sônia do "Fala Sônia" do YouTube diria, "bulutulufi". (Eu já confundi e chamei Blueberry e Blacktooth ao invés de Blackberry e bluetooth).
Ainda tem os que não têm tanto dinheiro e usam o fone que vem com o Nokia mermo. O bendito tem um fone só, ou dois, e um objeto simétrico não indentificável no meio do cabo.
Parecem aqueles fones de agentes da CIA ou do FBI nos filmes americanos. A única diferença é que os agentes usam sobretudos e levantam as golas super-discretamente na hora de falar no fone.

Pior que isso, só escrever em blog.

Sobre ex-namoradas, ex-mulheres e afins

Não que eu tenha sido influenciado por acontecimentos passados, é que certo dia estava eu pensando com meus botões e resolvi postar algo sobre o assunto. Juro.

Eu fico imaginando o que acontece na cabeça d'um cara quando ele vê aquela ex-namorada, anos depois, casada. A bendita tá com uns quilos a mais e a bendita jovialidade e beleza que antes eram suas características sobressalientes, já não são tão sobressalientes.
- Putz, imagina se eu tivesse me casado com ela...
Ou então aquela ex-mulher que o cara se divorciou há pelo menos 5, 10 anos e hoje está... Digamos... Não está tão cuidada quanto ele mesmo cuidou.
- Putz, imagina se eu tivesse continuado com ela...

Infelizes são, porém, os que têm a surpresa contrária.
A sua ex-namorada, antes bonita, agora casada, está um pedaço de mal caminho.
- PUUUTZZZ!! Imagina se eu tivesse me casado com ela!!!
Pior então, seria com a ex-mulher, que se já era sua mulher, já estava acostumada com certos maus-hábitos, como o de você pôr copos molhados em cima do móvel de madeira, ter preguiça em lavar a louça ou como certa gente, coisas piores (Antes que eu esqueça, um abraço pro meu amigo Fábio). Ou então aquele cara super-estranho que ninguém nunca o imaginaria casado (Abraço pro Ricardo).
- PUUUTZZZ!! Imagina se eu tivesse continuado com ela!!!

segunda-feira, junho 29, 2009

Meu pai, um exemplo de vida

Eu poderia escrever um livro do que eu já aprendi numa vivência de 17 anos ao lado do meu pai.
Reginaldo, ou "Régi" para os mais íntimos, nasceu na pequena cidade de São Bento do Una, hoje uma das metrópoles mais importantes do estado de Pernambuco, que engloba os municípios de Garanhuns, Belo Jardim, Toritama e Trucunhaém da Mata Norte Indígena (nem me perguntem o porquê deste nome). Com apenas 12 habitantes, incluindo as moscas do único bar e da padaria de São Bento do Una, a população é a mais estável e a mais crescente do Nordeste, o que faz meu pai ter um orgulho "danado" da cidadezinha, que é o xodó dos são-bentenses.
Eu ainda acho que eles não têm mais o que fazer da vida, e por isso procuram algo para amar eternamente, e a cidade termina sendo idolatrada fanaticamente.

Sabe, depois de dar duro durante anos trabalhando em São Paulo e depois em Recife, depois de vários restaurantes abertos e fechados, meu pai finalmente tem o que queria: um lugar onde ele pode expor ao público todo o seu carinho e afeto pela cidade. No salão, uma bandeira gigante de São Bento do Una, que foi fundada em Mil Setecentos e Lá-vai-o-trem. Depois, uma parede inteira coberta de fotos emolduradas da cidade. "São Bento do Una em 1916". "São Bento do Una em 1917". "São Bento do Una em 1918". Sabe, um dia eu perguntei pra meu pai quem eram aquelas pessoas na foto e ele me respondeu que não sabia.

- Pai, quem é esse aqui da direita?
- Sei não, meu filho.
- Esse aqui?
- Esse daí eu também não sei não, Eduardo.
- Pai...
- Que é... ?
- Tem alguém na foto que o senhor conheça?
- ... Boa pergunta, meu filho.
- E pai...
- Oi.
- Tem alguma foto em que tenha alguém que esteja... vivo?

O povo daquela cidade é até legal, sabe, legal pra caramba. Eles são muito amigos e muito fervorosos quando o assunto é a cidade.
Meu pai saiu de lá quando tinha, acho que, 17 anos. Foi para São Paulo com a família, ver se conseguia coisa melhor lá. "Tô fazendo nada vamo lá".
Lá ele começou como funcionário de banco, trabalhou, ralou, deu o suor e foi promovido a bancário. Eu bem nunca soube distiguir as duas denominações, mas deixa quieto. Virou gerente. Mudou de banco pra continuar gerente, foi transferido p'ra cá pra Recife, e aqui ficou.
A infância pobre fez com que ele aprendesse a valorizar desde sempre o dinheiro. Uma vez meu primo veio aqui para casa para passar as férias, e como o shopping mais famoso da cidade fica aqui do lado, eu pedi um dinheiro para ele.
- Pai, dá um dinheiro p'ra eu e Gabriel irmos lanchar no shopping.
- Você e Gabriel?
- É.
- Peraí - pegou a pasta de trabalho, tirou uma bolsinha minúscula para guardar moedas (ele chama de "miaêro"), despejou na mão e contou - tome, aqui tem dois e sessenta e cinco [reais]. Faça a festa.

Depois desta eu passei a pedir apenas tickets alimentação pra ele, já que os valores eram mais altos, e não se podia alterar o valor de um ticket.
- Pai, peguei um ticket pra comer no McDonald's.

- De quanto? - ele pára de contar o dinheiro, levanta a cabeça e olha pra mim, com aquela expressão estipuladora de preços que só quem lida diariamente com pão-duros conhece.
- 10 reais.
- 10 reais, meu filho?? - faz aquela cara de reprovação e volta a contar o dinheiro.
É, como se 10 reais desse pra comprar um lanche no McDonald's... Se algum dia ele souber dos preços reais, ele me proíbe de comer lá...
Seria melhor se eu dissesse "5 reais pai, vou num podrão aqui da favela ao lado e volto com meus amiguinhos Salmonela e Bala Perdida, ok? Não me espera" ou "Ah pai, foi mal. Tá! Me dá um real aí que eu compro pão-doce e faço uma vitamina de banana p'ra eu tomar aqui em casa antes de ir pro shopping com meus amigos".
Quem sabe algum dia eu poste mais sobre meu pai. Quer dizer, isso se o FBI deixar.

sexta-feira, junho 26, 2009

Morre eterna "pantera" Farrah Fawcett

Morreu ontem a atriz e símbolo sexual "Farrah Fawcett", que ficou conhecida pela sua atuação na série "As Panteras". Com 62 anos, Farrah lutava há 3 anos contra um câncer anal que havia se espalhado pelo fígado. (Eu imagino o que ela deve ter feito para contrair esse câncer...)


A atriz passou os seus últimos momentos ao lado do ator e companheiro Ryan O'Neal. Os dois tinham um filho, Redmond, de 24, que está atualmente em reabilitação por violação de uma liberdade vigiada em um caso de drogas. O pai também foi detido por porte de drogas.
(Éé, tal pai, tal filho)


A maior herança de Farrah foi sua atuação no seriado "As Panteras", de 1976, ao lado de Kate Jackson e Jaclyn Smith.
(A maior herança dela, na minha opinião, foi a edição da Playboy em que ela posou nua, a 3.ª mais vendida nos EUA, onde ela mostrou toda a sua perform Onde ela empregou milhares de profissionais e vendeu mais de 4.000.000 de cópias - isso sim é que é herança!)


Quanto à morte de Michael Jackson, ainda não temos maiores informações. Escreveremos assim que recebermos quaisquer notícias.

O máximo que podemos dizer é que o rei do pop está no lugar pra onde sempre quis ir: um lugar onde as pessoas não crescem, onde tudo é branco e onde ele vai viver eternamente rodeado de anjinhos.




Ah, fala sério! Vocês não acham que eu ia deixar de comentar a morte do ex-Jackson 5, iam?
Aaahh, logo eu que tiro onda até de mim mesmo? Mesmo quando eu sofro uma decepção amorosa ou quando acabo o namoro? Sério, acho que, se desse, depois que eu morresse, iria tirar onda da minha própria cara.

Thriller é perfeito, Michael - ótimo músico, ótimo sustentador de vários cirurgiões plásticos e ótimo pai, mas eu sinto, bem lá no fundo mesmo, que é um sinal dum brainstorm vindo.
Ah, ok, eu não sei o que falar dele, só poderia soltar algumas piadas infames aqui do tipo "A primeira coisa que Michael Jackson disse ao chegar no céu foi 'São Pedro, cadê o Menino Jesus'", ou dizer que ele vai pro inferno porque ele era BAD, e que lá ele vai fazer o HELLWALK, mas eu não sou de falar estas coisas de uma celebridade tão respeitada.
Mas pô, o cara já tava esquelético, devedor de uma fortuna de cerca de $5x108 e ainda tinha aquela cara feia - rapaz, eu se fosse ele, também não aguentava muito tempo não...

Ainda tem gente que acha que ele deve ter planejado a morte, que ainda tá dando seus moonwalks em alguma ilha do Caribe por aí, fugindo da vida, como fez, segundo especulações, Elvis. Tem gente que diz que ele vai levantar da tumba e começar a dançar Thriller, mas eu realmente acredito que

Michael Jackson morreu.
Descanse em paz, rei do pop.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

Tá, a última.
Michael Jackson morreu, o fantasma dele vai ser preto ou branco?*
* a essa aí eu tenho que dar o crédito pro Danilo Gentili.

quarta-feira, junho 24, 2009

Minha primeira decepção twitteriana

Enquanto isso, no Twitter...


Marcelo Tas é o primeiro brasileiro a atingir os 3 dígitos (100,000) em seguidores no Brasil, sem fakes. Mais que isso, só Jesus Cristo!
Ele é apresentador do CQC, humorista, repórter e ex-ídolo meu.

Alguém tem um manual de twittcídio?

terça-feira, junho 23, 2009

De repente,

Foi repentino.

Repentino até demais.
Você apareceu, assim, do nada. Me mudou, virou minha cabeça.
Fixou-se em mim, grudou de jeito... cara, minha expressão mudou.
Eu sei, eu sei, são coisas da vida, mas teria de ser assim, pô? Tão de repente?
Eu poderia me preparar antes, né...
Você tava ali, na sua, não te notei no início, mas depois, depois foi difícil te ignorar...
Meu, tô até sem palavras, feliz pra caramba. O que veio depois é o que importa...
Eu nunca diria que me sentiria tão bem, foi um alívio, porque antes, ah!, antes tava tudo uma droga. É, uma droga, uma merda total.

E tipo, eu posso te assegurar que você fez parte da minha vida.

E de repente, não mais que de repente, você foi especial pra mim... Disso eu tenho certeza.

Especial, de um jeito que eu não tenho nem palavras para descrever.

Apesar de tudo, este momento chegou, e eu estou tão feliz em poder falar, me expressar, gritar...

FINALMENTE TE DESGRUDEI, CHICLETE DESGRAÇADO.

NÃO

NÃO. NÃO.
NÃO NÃO NÃO NÃO
NÃO
NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!


NÃÃãÃÃãÃÃãÃ
ÃãÃÃãÃÃOO!!
Meses resistindo sem nenhuma curiosidade, sem nenhum "será que", sem nenhum "opa, quê isso".
Sempre respondendo "Isso é coisa pra desocupado", "isso é coisa pra vagabundo" (como se eu não fosse um
...)
Bastou-me uma garrafa de Coca-cola de 1L, uma noite sem dormir e algumas idéias fluindo.
Rendi-me à modinha. Mamãe, perdoe-me. Papai, eu tentei. SENHOR, PIEDADE.

FODEU, TÔ NO TWITTER!

Agora é que eu não estudo mesmo.
Por que é que eu fui fazer isso?

Piadas infames twittadas constantemente, ó céus, onde é que esse mundo vai parar?

Era pra pelo menos ter uma mensagem de boas vindas, pô. Um miguxo seu dando um "OI CARA BOM TE VER POR AQUI", mas não, você tem que se virar (ui).
Confesso que acreditei, por alguns segundos, no balãozinho que dizia "That's a nice picture!" quando eu fiz o upload da minha foto pra perfil. Cadê o famoso passarinho do Twitter, ele não vem conversar com a gente, ou eu vou ter que ficar twittando pra ninguém?

Vou ali encher a cara de tweets, passar bem. Me segurem: mamãe eu sou um danadão.

O homem que sabia demais

Diz se da história do homem que sabia demais.
Ganhara duas vezes na Mega Sena - a segunda só para manter sua fortuna, que estava acabando, mas jurara para si mesmo que nunca mais apostaria na Mega Sena outra vez. Jogava agora na Dupla, na Quadra e na Quina, e, por diversão, na Lotogol. Usava raspadinhas para comprar seus carros - era o terror das lotéricas.
Era consultado por professores, economistas, cientistas, presidentes... (tanto de empresas quanto de países).
Espalhou a cura para os males do mundo, evitou o aquecimento global, novas pandemias.
Recusava-se a dar respostas sobre os segredos do universo.
- Existe vida em outros planetas?
Ele sempre ficava calado, nunca respondia. Mas tinha encontro com habitantes do planeta AC280X às sextas, pelo menos uma vez por mês, para jogar um truco, um poker, jogar conversa fiada.
Sabia o que as mulheres queriam. Tinha poder, dinheiro, mulheres.
Mas um dia não conseguiu prever sua vinda.
Veio repentina.
Arrasadora.
Bruta.
Tomou-o de jeito e o derrubou.
Clarice, era o nome dela. Conquistou-o desde a primeira vez que a vira; não previra, porém, uma relação tão profunda e duradoura.
Apaixonou-se, casou-se, teve filhos. 3 lindos filhos. Ricardo, Fábio e Mariana. Eram sua paixão.
Não previra, ainda, que seu dom se acabaria com o tempo. Aos 40, tinha de concentrar-se para lembrar dos resultados futuros das loterias.
Aos 47, internou a si mesmo por prever, com 1 dia de antecedência, um AVC. Foi a notícia do Brasil durante 5 dias, até que ele saiu do hospital, acompanhado dos filhos e da mulher, que não o deixara desde o momento em que ele entrara no hospital.
Aos 51, ouvia constantemente reclamações dos frequentadores das lotéricas em que ia.
Tinha de ficar 30 minutos lá, parado, para lembrar se havia ao menos uma raspadinha premiada. Não tinha paciência para fazer os jogos das loterias nas lotéricas, passara a fazer em casa, e de hora em hora, escrevia 1 número, porque lembrava-o enquanto fazia outras atividades.
Deixou de ser consultado por grandes personalidades.
Ao 62 anos ganhou o prêmio Nobel da Paz, não previra.
Não previra o novo vírus, que dizimara 1/5 da população norte-americana, e 1/10 da européia. Não previra o gigante terremoto que abalou até mesmo localidades onde nunca se considerou a hipótese de terremotos.
Não previra a desumanização das pessoas, que tornaram-se cada vez mais frias e anti-sociais devido à tecnologia.
Passou a isolar-se.
Não sabia mais de nada, era agora um pessoa normal. Guardava suas amarguras para si mesmo, e suas dúvidas sobre as ações do passado - teria ele feito tudo corretamente?
Começou a tornar-se paranóico.
Depressivo, não saía mais de casa.
Temia estranhos, tinha medo de animais, bactérias. Passou a medir tudo o que comia, peso, altura, largura, espessura. Suas comidas preferidas eram as bolachas de agua e sal, por serem uniformes.
Agia estranho. Agia estranho nos jantares em família, não falava com ninguém.
Um dia depois de um jantar em família, beijou sua esposa ao acordar como não fazia há dezenas de anos, ligou para seus filhos e saiu. Nunca mais voltou.
Sabia ainda o dia em que morreria; hoje.

segunda-feira, junho 22, 2009

Atendentes de pizzaria e clientes indecisos #2

- Pode falar.
- Três.
- Três...
- Zero...
- Zero...
- Zero...
- São dois zeros, senhor?
- Não, é zero.
- Senhor, são dois zeros depois do três?
- Não, é zero zero.
// E agora sou eu quem vou falar número, pra me acalmar... Um... Dois... Três...
- Senhor, o senhor poderia falar todo o número do cartão?
- Trezentsmilhoesduzentoesessentaissetemiltrezen
// Ele tá tirando onda com a minha cara?
- Senhor, calma.
Depois de tanto sofrimento, e de tantos minutos gastos no telefone, consigo anotar o número.
- Por favor, a data de validade do cartão e o código de segurança.
- Data de validade... É 06 de 2010. O código de segurança é 111.
- Agora o nome do próprietário exatamente como está no cartão.
- Pra que tu quer meu nome?
- Senhor, o nome é para fornecer para a Hipercard em caso de qualquer problema.
- Tá ok, vou confiar, hein. O nome é Cléxirson Arantes Rego. Com x...
- Clérxison?
// KAKAKAKAAKAKEGA IUEHEOSHEAIUEHAOEIçolHrPOIEHAOÇiuA GFai|RyheoiAHEDoiPHPOIUPEOÇAHEOiAGEloAIHDA
- Sim...
- Ok senhor... - tentando me conter - seu pedido já foi feito, mais alguma coisa?
// AOIUEHOAÇIJAOIHSE
- Não, valeu véio.
// "Véio"?
- Muito obrigado, então, tenha uma boa noite - mando o pedido para a cozinha e me preparo para desligar e suspirar de alívio.
- PERAE
- Oi.
- Eu queria um guaraná de 2 litros.
// P'ra adicionar um guaraná de 2 litros ao pedido, eu não precisaria da comanda que foi para a cozinha: ufa. MAS O PUTO FOI ADICIONAR O GUARANÁ DEPOIS D'EU FAZER A TRANSAÇÃO DO CARTÃO, BAGALHO.
// Agora eu vou ter que cancelar a transação e fazer uma nova. HEHEEHEHEHEHEE
- S-sim senhor, mais alguma coisa?
// Você leitor deve estar imaginando como eu ainda tenho paciência. Eu também não sei.
- Ei, véi, tem como eu pagar com meu outro cartão? Peraí, vou pegar lá.
// Ei "véi", tem como eu ir aí chutar teu saco?
- Senhor, é mais fácil ser com esse cartão, já que eu já peguei todas as informações.
- Tá ok, pode ser.
- Senhor, mais alguma coisa?
- Ah, vocês tem alguma sobremesa pra mandar?
- Hoje não, senhor, mais alguma coisa?
- Não, valeu doido.
- Ehr, muito obrigado, daqui a pouquinho tá chegando.
- Quanto tempo leva?
// O tempo que eu conseguir chingar sua mãe ao máximo...
- De 15 a 20 minutos, obrigado, boa noite.
- Boa noite.

Continua...

domingo, junho 21, 2009

Cândido

Aproveitando o espaço que tenho, estou aqui para divulgar o teaser do mais novo curta do consagrado diretor Eduardo Roxius, reconhecido internacionalmente e grande amigo meu, juntamente com a HomeMade Productions, uma produtora dos EUA muito conhecida e vencedora de vários prêmios.

O nome do curta é Cândido, ainda não está pronto e por isso só estou mostrando o teaser.

Antes de ver, pause o vídeo antes que ele comece. Espere carregar tudo, ponha seus fones de ouvido e aumente o volume até o máximo. Se não tiver fone, aumente o volume até uma altura considerável, mas de forma alguma, assista-o sem som ou com volume baixo.
ASSISTA SOMENTE EM TELA CHEIA. Clique na imagem para assistir.

sábado, junho 20, 2009

Jimmy BigMac #1

Nascido João Batista Valverde Galvão, no dia 21 de março de 1981 (pelo signo de Áries, um dia antes e ele seria de Peixes), com 3450 gramas e 51 cm. Jimmy BigMac era, relativamente, uma criança maior do que as outras. Falou a primeira palavra aos 2 anos e 11 meses, quase 3 anos - que foi "auau". Seu primeiro "dentinho" nasceu aos 4 anos.
Mas o dia em que Jimmy mais se recorda, e mais gosta, foi o dia 21 de março de 1986, seu aniversário de 5 anos.
Ele lembra bem. Sua família foi comemorar seu aniversário num restaurante no shopping center mais famoso da cidade. Todos juntos, pediram a comida e ficaram sentados na mesa, conversando e esperando. O pai, a mãe, Jimmy e os 3 irmãos eram uma família normal, de classe média e de alimentação, digamos, convencional.
Foi quando Jimmy viu, através do vidro da porta, o amarelo. O vermelho. O M. M. M. M. M. M. Desceu da cadeira para crianças e correu pelo restaurante todo sem ser notado pelos pais. Correu até o gigante M amarelo. Queria pegá-lo, não alcançava. As pessoas olhavam para aquele menininho "gorduchinho" sozinho, olhando para o M. De repente, o palhaço.
- Olá, menininho. Como você se chama? - disse o Ronald McDonald.
O menino gorducho ficou lá, parado. Olhou para o palhaço e depois fixou os olhos no M. O Ronald notou para onde o menino estava olhando, o levantou e deixou com que Jimmy tocasse no tão desejado M amarelo e luminoso.
Com uma criança gorducha e feliz nos braços, o palhaço não sabia a quem entregar o garoto.
- Onde estão seus pais? Ahn?
A criança não o olhava, estava com seu olhar no restaurante. O palhaço olhou, pela porta de vidro, via-se a família falando com os funcionários, preocupada.
Foi até lá e entregou o menino. Todos ficaram felizes, e Jimmy continuou olhando para o gigante M luminoso. Queria o gigante M luminoso. Chorou, esperneou, gritou.
A mãe o levou até lá, ele olhou o restaurante amarelão e enfeitado. Olhou os sanduíches - sua mãe um dia se arrependeria de levá-lo até lá.
Não preciso dizer que ele teve de chorar mais uma vez para conseguir um hambúrguer.
Provou o hambúrguer e ficou lá, a dentar o sanduíche, sentado, feliz e com as pequenas perninhas balançando. Nunca mais esquecera seu primeiro McDonald.

quarta-feira, junho 10, 2009

Maria Moça Pomposa da Padaria #1

Capítulo 1 - A tristeza do jovem Amaro


Manoel de Portugal [português, de Portugal],
Pintava paredes, portas, rodapés, macas, pacas opacas, pés.
Dona Maria, Moça [Pomposa da padaria],
Dizia que tinha certa mania
- De assobiar [para todo homem bonito que da janela ela via passar].
Na viela, caminhava e amava Sofia, o jovem Amaro sofria -
Pois sua amada não o queria.
Pobre Amaro, sozinho lá fora, e sofria, pois sua amada não o queria.
Dona Maria assobia...
O pomposo assobio [de moça pomposa da padaria] nada fazia,
Pois o jovem Amaro mal-Amado só pensava em Sofia,
E por isso Sofria.
E foi embora.
Maria queria assobiar para alguém,
Não apareceu ninguém.

segunda-feira, junho 01, 2009

Atendentes de pizzaria e clientes indecisos #1

Experiente (ou nem tanto) em atender telefonemas de tanto trabalhar na pizzaria do meu pai, naturalmente aprendi, aos poucos, certos hábitos, costumes e chatices dos clientes, como por exemplo o fato de casais geralmente sentarem-se frente-a-frente nas mesas (vez ou outra aparece um que senta lado-a-lado, mas isso já depende da relação entre eles), ou o mau-hábito de certos clientes em deixarem para escolher o sabor da pizza enquanto estiverem pedindo pelo telefone.
- Pizzaria O Lenhador, boa noite.
- Alô? É do Lenhador?
// Ai meu pâncreas.
- É sim senhor.
- Eu gostaria de fazer um pedido.
- Pode falar.
- Eu queria uma pizza.
- Qual o sabor e tamanho?
- Quais os tamanhos que tem?
- Nós temos "pequena", "média" e "grande".
- Pequena tem quantos pedaços?
- A pizza pequena tem 4 pedaços, senhor.
- E a média?
- A média tem 6 pedaços, a grande 8.
- Me vê uma... Média.
- Qual o sabor, senhor?
- Éé... Quais sabores que vocês têm?
- Senhor, nós temos mais de 35 sabores.
- Então me vê uma de... Queijo. Me vê uma pizza de queijo.
- Muçarela? *nota: muçarela ≠ mozzarela, e não existe "mussarela".
- É, é isso aí. Dá pra dividir em duas?
- Dividir em duas? A pizza já vem fatiada.
- Duas... Duas opções.
- Ah, dois sabores? Sim, sim, claro.
- Me vê meia... Meia... Meia queijo meia Mista.
- Mista... Presunto, você quer dizer?
- Isso. Ah, peraí - voz do cliente falando com outra pessoa - Amooor, vai querer pizza de quê? *longa pausa* tem galinha com catupiry?
- Frango com catupiry... Temos sim, senhor.
- Me vê uma meia queijo, meia... Meia frango com catupiry.
- Ok, mais alguma coisa?
// Não satisfeito, nosso querido e indeciso amigo decide encher ainda mais o saco (pelo menos para isso ele não é indeciso) - mas ele não tem culpa: é um dom natural dos clientes chatos.
- Dá pra dividir em três sabores?
- Não senhor.
- Tudo bem.
- Vem com refrigerante de brinde?
- Não senhor.
- Ah, é que eu pedi aí e veio com um guaraná de graça.
- Essa promoção acabou há muito tempo.
// (Vide anos-luz)
- É? Então deve fazer um tempinho que eu não peço comida daí de vocês...
- Senhor, mais alguma coisa?
// Por que é que eu fui perguntar?
- Pode mandar, é aqui do lado.
- Deu $$ reais.
- Ué, mas eu já comi aí e a mesma pizza foi $ reais.
- É que nesse valor está inclusa a taxa de entrega.
- E quanto é a taxa de entrega? Eu moro aqui do lado, é aqui pertinho, três ruas.
- A taxa é R$2,00, senhor, e mesmo assim nós cobramos taxa de entrega.
- Poxa, é aqui pertinho... Mas tudo bem.
- Senhor, mais alguma coisa?
- Não, não, pode mandar. Vocês aceitam cartão p'ra viagem?
// Existem cartões. Cartões telefônicos, cartões de indentificação, cartões de visita... E existem cartões de crédito. Os cartões de crédito foram inventados para facilitar nossa vida, neste caso, você não precisa andar mais com dinheiro - ande com um cartão de crédito. Você pode usá-lo para comprar coisas... Utensílios, eletrônicos, coisas para o lar. Comidas. O problema é que determinados estabelecimentos não oferecem suporte para determinados cartões de crédito. E não, você não pode parcelar pagamentos de comida.
- Aceitamos, senhor.
- Aceita... American Express?
// Pota que o pareol! Hoje eu pago todos os meus pecados.
- Não senhor.
- Dinner's Club?
// Ainda existe esse cartão?
- Não senhor, para viagens nós só aceitamos Hiper e Master.
- Pô, eu queria pagar com VISA...
// Só porque não tinha.
- Nós só temos Hiper e Master Card.
- Então tá, deixa eu pegar meu Hiper.
- Ok.
// 2 minutos depois...
- Peraí, vocês parcelam?
// Peraí, posso amassar a sua cara feito um purê de batatas? Ou tenho que evitar fazê-lo simplesmente desligando o telefone?
- Não senhor, pagamento de comida não se parcela.
- Ah, ok, então anota o número do meu cartão...

Continua no próximo episódio...